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Por que é vergonhoso lutar pelos direitos das crianças com deficiência neuropsicológica?

Frase de Ivane Assunção


“É uma vergonha lutar por algo que é Direito!” diz Ivane Assunção, Neuropsicopedagoga. Diante desse cenário apresentado por ela, podemos afirmar que, não há dúvida de que a luta pelos direitos das crianças com deficiência neuropsicológica é a mais urgente e ao mesmo tempo, a coisa mais chata da sociedade atual.

Ivane Assunção
Ivane Assunção Neuropsicopedagoga

No século XXI, ainda vemos famílias e educadores tendo que lutar incansavelmente para proteger os direitos destas crianças, que teoricamente deveriam ser legais. Quando a sociedade deve agir para garantir o que já é um direito, o problema torna-se não apenas um problema jurídico ou social, mas uma vergonha colectiva, expondo falhas organizacionais e negligenciando a garantia da igualdade e da participação.


Direito à educação e apoio integral


Em primeiro lugar, queremos falar sobre o direito à educação, que deve ser universal e abranger todas as crianças, independentemente das suas circunstâncias. No entanto, crianças com distúrbios neuropsicológicos, como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Autismo ou Dislexia, muitas vezes enfrentam desafios no ambiente escolar. Isto inclui não só problemas físicos, como a falta de adequações nas escolas, mas também a falta de profissionais qualificados, como psicólogos e terapeutas ocupacionais, que forneçam apoio vital para o desenvolvimento intelectual e emocional destas crianças.


É uma pena que estes sistemas falhem porque conduzem a processos de exclusão, além de desrespeitarem os direitos humanos. As crianças com necessidades especiais são frequentemente excluídas dos sistemas educativos que reforçam a homogeneidade em vez de promoverem a diversidade. A falta de cuidados especiais, a falta de políticas públicas eficazes prejudica não só as crianças, mas também toda a sociedade, privando-as da oportunidade de desfrutar destas mentes brilhantes.


Falta de Consciência e Estigma


Outra parte desta luta é o estigma social contra crianças com problemas neurológicos. Estas crianças são frequentemente referidas como “problemas”, “desafios” ou “deficientes” e não como pessoas com necessidades especiais que necessitam de apoio e compreensão. A falta de sensibilização do público perpetua estes estigmas e faz com que as crianças percam um bom desenvolvimento se o apoio necessário estiver disponível.


Deve-se notar que a doença neuropsicológica não é culpa da incompetência moral ou dos pais. Estas condições envolvem factores genéticos, biológicos e ambientais complexos e requerem intervenções adequadas para permitir que as crianças aprendam e se envolvam com o mundo que as rodeia. Ignorar estas necessidades e, pior, culpar as famílias demonstra falta de compaixão e compreensão numa sociedade que ainda precisa de se desenvolver em termos de vergonha e inclusão.


O Fardo das Famílias


Apesar do fraco desenvolvimento das políticas públicas, as famílias destas crianças acabarão por suportar o fardo desta luta. Muitas vezes estas famílias enfrentam um verdadeiro turismo e têm de encontrar os seus próprios recursos, lutar pelo tratamento e até, em alguns casos, pagar os elevados custos do tratamento suportados pelo sistema de saúde. O custo emocional e financeiro é enorme, uma realidade que uma sociedade que afirma ser gentil e igualitária não deve aceitar.


Em muitos casos, o fardo emocional e financeiro sobre as famílias é um resultado direto do fato de o Estado não fornecer apoio adequado a estes indivíduos. Isto não só cria desigualdade de oportunidades, mas também põe em perigo o bem-estar das crianças e das suas famílias, resultando em perdas para a sociedade como um todo.


A necessidade de mudanças profundas


A primeira questão do artigo é “Por que é vergonhoso lutar pelos direitos das crianças com deficiência neuropsicológica?” A pergunta visa não apenas criticar, mas também estimular o pensamento. Se lutarmos sempre pelos nossos direitos legais, não estaremos a cumprir a nossa obrigação de garantir a justiça social.


O que falta não é legal. É real e tangível. Falta a implementação eficaz destas leis, o desenvolvimento de políticas sociais inclusivas, a formação de profissionais qualificados e, o mais importante, mudanças culturais relacionadas com deficiências neuropsicológicas.


A reforma educacional é necessária para garantir que as crianças com distúrbios neuropsicológicos recebam uma educação inclusiva que respeite as suas diferenças e proporcione as mudanças necessárias para o seu desenvolvimento ideal. Além disso, toda a sociedade precisa de compreender a importância de aceitar e apoiar estas crianças para que possam crescer sem o peso da vergonha.


Conclusão


Lutar pelos direitos das crianças com deficiência neuropsicológica deveria ser um dever de todos, mas infelizmente, em muitos casos, essa luta se transforma em vergonha. Mesmo que a lei esteja a funcionar, é uma pena que o sistema não consiga proporcionar o principal, ou seja, a igualdade de oportunidades.


Uma vergonha para os países que, apesar do seu desenvolvimento, lutam para compreender e aceitar as diferenças. É uma pena que o país não apoie, mas antes coloque nas famílias a responsabilidade de garantir um futuro digno aos seus filhos.


É hora de mudar esta realidade. Aprender, cuidar e participar não são privilégios, mas obrigações. Mas para que esta luta se afaste da vergonha e, em última análise, se torne uma vitória para a igualdade, todas as partes, incluindo o governo, a sociedade e as famílias, devem se unir.


Sobre a autora

Dhébora Gabrielly Borges

Dhébora Gabrielly Borges dos Santos é uma jovem talentosa e inspiradora de 14 anos, estudante do Centro de Ensino em Período Integral (CEPI) de Aplicação. Sua paixão por comunicação e escrita tem se destacado tanto no ambiente escolar quanto em suas iniciativas independentes.


Apresentadora do podcast "Liderança em Ação" e repórter da Web Rádio CEPI de Aplicação, Dhébora demonstra habilidades excepcionais em liderança e engajamento, abordando temas relevantes e promovendo diálogos enriquecedores. Sua presença marcante no podcast reflete sua dedicação em fomentar discussões que impactam positivamente a comunidade escolar e além.


Além disso, Dhébora é uma das mente criativa por trás do blog webradiocepideaplicacao.blog, onde compartilha seus textos autorais com profundidade e sensibilidade. Como escritora, ela traduz experiências e reflexões em palavras que inspiram, informam e despertam empatia, mostrando sua habilidade única de tocar o coração de seus leitores.


Dhébora é movida por um amor incondicional pela escrita, que considera uma ferramenta poderosa para expressão e transformação. Seu compromisso com o aprendizado contínuo e sua busca por novos horizontes tornam-na uma promessa brilhante para o futuro.


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